Por Cesar Pazinatto, diretor geral da SEE-SAW
A experiência com a educação midiática e o trabalho desenvolvido com o EF2.
Antes de abordar a relação da Geração Z com tecnologia como o título desse post indica, preciso fazer uma introdução nostálgica.
Sempre gostei de utilizar diferentes mídias nas aulas de ciências e biologia, desde o início da minha carreira como professor. Era perceptível como as atividades ficavam mais dinâmicas e despertavam maior interesse.
Dava um certo trabalho – especialmente considerando que era final da década de 1980 – guardar recortes de jornais e revistas. Além disso, era necessário programar corretamente o VCR para gravar o Globo Repórter ou o Planeta Terra da TV Cultura. O primeiro por suas frequentes matérias sobre o corpo humano e o segundo pelos ótimos documentários sobre a fauna e flora brasileira.
Novos paradigmas
Na década de 1990, a internet facilitou o acesso aos acervos de jornais, revistas e livros. No entanto, a relação entre quantidade, velocidade e qualidade da informação nos obrigou a desenvolver habilidades para manejar desafios que não conhecíamos. Por óbvio, não estávamos preparados para vivenciar, em tempo real, mudanças nos paradigmas seculares da educação. Aliás, ainda não estamos.
Voltemos para a sala de aula e para o Séc. XXI.
Novos aprendizados
Paralelo às minhas atividades como professor de ciências, em parceria com alguns colegas, desenvolvia programas de Promoção de Saúde e Prevenção ao Uso de Drogas em Escolas e foi nesse período que conheci os conceitos de “Mídia Literacy” que pode ser traduzido livremente como “Educação Midiática”.
Estratégias sugeridas por pesquisadoras como a norte-americana Renee Hobbs e a brasileira Ilana Pinsky, ajudavam a no desenvolvimento de habilidades de resistência fundamentais para resistir aos apelos da publicidade de cigarro e bebidas alcóolicas. Até o início dos anos 2000, produtos livremente anunciados em jornais, revistas, televisão e pontos de venda.
À medida que as restrições legais e a – ainda discutível – autorregulamentação afastaram a publicidade de tabaco e álcool das mídias tradicionais, a internet tornou-se a principal opção. A propulsão dessas mensagens via redes sociais beneficiou as principais marcas de cerveja através dos “virais” e posts com produtos exclusivos para os seguidores. Simplificando bastante, os “influencers” seriam uma espécie de “viral 2.0”
“Nativos Digitais” e a “A máquina do caos”
Max Fischer em “A máquina do caos: Como as redes sociais reprogramaram nossa mente e nosso mundo” (Todavia – 2013) escreve: “Se você tivesse que apontar exatamente a alvorada da era das mídias sociais, poderia escolher o mês de setembro de 2006, quando os operadores de um site criado dentro de um alojamento universitário, o Facebook.com, fizeram uma descoberta acidental enquanto tentavam resolver um problema comercial”. Nesse ano, a rede de Mark Zuckerberg criou o “Feed de Notícias” e permitiu o acesso para qualquer pessoa interessada em se inscrever.
Marc Prensky, em 2001, criou a a ideia de “Nativos Digitais”. O ruído criado por esse termo deu a impressão de que os nascidos pós 1980, são plenos de conhecimento sobre tecnologia e hábeis ao ponto de não precisarem de qualquer orientação ou esclarecimento.
Com fica claro no excelente “Guia de Educação Midiática” do Instituto Palavra Aberta, para o educador norte-americano “Nativos Digitais” são os nasceram em um mundo em que a cultura digital é predominante e não necessariamente sabem lidar com isso.
No mesmo guia, encontramos referência a uma pesquisa de 2016 realizada pelo Stanford History Education Group (SHEG) que concluiu que os jovens estão mais para “inocentes digitais”. Os pesquisadores ouviram mais de 7.800 estudantes.
Não há mais dúvidas que experiência “vinda de fábrica” é ilusória e também causa das principais preocupações advindas das mídias sociais. Com todo a certeza, é principal motivação para as escolas considerarem abordar a educação midiática em seus currículos.