Texto por Bete P. Rodrigues, Consultora de pais e educadores da Kindy Escola Americana
Este artigo apresenta apenas 5 ferramentas da Disciplina Positiva para auxiliar o educador no seu complexo papel no gerenciamento de sala de aula respeitoso. Essas ferramentas podem ser utilizadas nos mais diversos contextos de trabalho (diferentes tipos de escola, segmentos ou áreas do conhecimento). Tal como acontece com qualquer caixa de ferramentas, nenhuma ferramenta funciona em todos os contextos, por isso a importância de se ter uma variedade para escolher. Eu considero essas as mais básicas dentre as dezenas de opções existentes:
1.CONEXÃO
Esse é um critério tão importante para a Disciplina Positiva que é um dos 5 critérios básicos! A percepção das crianças de que seus professores se importam com elas é crucial para desenvolverem um senso de pertencimento e importância, um senso de conexão. Estamos falando de olho no olho, de aprender e usar os nomes de cada aluno, de sorrir e recebê-los na porta, entre tantas outras formas de demonstrar que você se importa!
2.ENSINAR HABILIDADES DE VIDA
Além do conteúdo acadêmico, o educador que utiliza a abordagem da Disciplina Positiva ensina todas as habilidades de vida que pode na sala de aula: cooperação, habilidade de resolução de problemas, respeito mútuo, responsabilidade, habilidades de comunicação respeitosas… Existem inúmeras estratégias e dicas específicas no livro Disciplina Positiva em sala de aula (Nelsen, Lott and Glenn- Ed. Manole), mas resumidamente estamos falando de aproveitar cada comportamento desafiador na sala de aula como oportunidade para modelar e ensinar as habilidades sócioemocionais que você puder. Na dúvida, seja empático e use de gentileza e firmeza ao mesmo tempo.
3.OFERECER ESCOLHAS LIMITADAS
Para desenvolver a habilidade de resolução de problemas, por exemplo, podemos oferecer escolhas limitadas aos nossos alunos. Muitos problemas difíceis parecem mais fáceis de resolver quando as escolhas são apresentadas como soluções. Como professor, você pode oferecer duas opções, aceitáveis e adequadas. Você não vai dar a opção do seu aluno fazer ou não a tarefa (não é aceitával ou adequado não fazer a tarefa), mas você pode dar a opção dele fazer sozinho ou com a ajuda de um colega. Você professor escolhe as estratégias, mas pode perguntar a turma se eles preferem fazer tal atividade antes ou depois do recreio, por exemplo. Como eles se sentirão podendo escolher? Conectados, importantes e pertencentes.
4.FAZER COMBINADOS DA SALA DE AULA COLABORATIVAMENTE
Em um modelo tradicional, os professores definem as regras da sala de aula e aos alunos cabe a função de seguir essas regras. Quando elas não são seguidas, há algum tipo de punição: bilhete para casa, perder o recreio, advertência etc. Em modelos permissivos de educação, acredita-se que não há necessidade de regras (“elas podem limitar a criatividade e liberdade das crianças”). Na abordagem da Disciplina Positiva, acredita-se que os combinados ou regras de uma sala de aula devem ser definidos em conjunto: alunos e professor elencando e decidindo que opções são respeitosas e adequadas para todos. Os alunos tendem a seguir com muito mais vontade as regras que foram acordadas pelo grupo. E, sendo realmente respeitosas, funcionam como diretrizes para a harmonia na sala de aula.
5.FALAR MENOS E PERGUNTAR MAIS
Nós professores falamos demais. E depois reclamamos que os alunos ouvem de menos. A Disciplina Positiva nos ajuda a refletir sobre o que realmente ensinamos aos nossos alunos com tanto “blá, blá, blá” ineficaz. Em vez de falarmos o que aconteceu, como aconteceu, porque aconteceu, como devemos nos sentir pelo que aconteceu e como resolver os problemas, aprendemos a usar as perguntas curiosas. Quando você diz em vez de perguntar, você desencoraja os alunos a desenvolver suas habilidades de julgamento: pensar nas consequências e responsabilidade de cada escolha. Perguntar promove reflexão e convida colaboração. Falar ou mandar é desrespeitoso e provoca resistência. Dizer em vez de perguntar também ensina os alunos o que pensar, em vez de como pensar, o que pode ser muito perigoso, afinal eles só serão adultos críticos e colaborativos depois de aprenderem a pensar, resolver problemas e tomar decisões.
Bete P. Rodrigues é mãe há 20 anos e professora há mais de 30 anos. Formada em Letras (PUC- SP), tem mestrado em Linguística Aplicada (LAEL- PUC/ SP), e atualmente é palestrante, coach para pais, consultora em educação e professora do curso “Formação de Professores de Inglês para crianças e adolescentes” na COGEAE- PUC/SP. Tem larga experiência como professora, coordenadora e diretora pedagógica em diferentes contextos (escolas de línguas, escolas particulares e públicas, ONGs). É Trainer em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association, administradora da página Disciplina Positiva Brasil no Facebook e co-tradutora dos livros Disciplina Positiva e Disciplina Positiva em sala de aula pela Ed. Manole.