por be.Living
Chegar pela primeira vez na escola, retomar a rotina escolar após um mês de férias, receber um novo amigo na turma… Quando lançadas a novos espaços, contextos e interações, é natural que as crianças vivenciem muitas emoções e sentimentos. Como escola, olhamos com profundo respeito para o momento de cada uma delas. Por isso, o acolhimento é um aspecto fundamental e é um método de trabalho dentro do processo educativo que propomos.
Nossa coordenadora pedagógica de Educação Infantil, Camila Maia, explica que diferente do “acolhimento”, o conceito de “adaptação” pressupõe que a criança seja adaptada a uma condição externa rígida e posta para ela. “Na be.Living, fazemos com que o externo se movimente para acolher as crianças. Realizamos uma organização muito cuidadosa para a chegada de cada uma delas. As professoras se preparam, considerando que os processos e tempos das crianças são diferentes e que suas necessidades são únicas. Assim, a ideia não é que a criança se acostume à uma imposição de rotina ou de ritmo, mas que ela chegue devagarinho e seja recebida com muito carinho, atenção individual e que tenha seu tempo de chegada respeitado”.
É importante ressaltar que o processo de acolhimento não se restringe apenas ao início do ano ou à primeira chegada das crianças na escola. Os momentos iniciais do segundo semestre são desafiadores para toda a comunidade escolar, inclusive para as crianças que já estavam na escola.
Camila diz que retomar os projetos de cada grupo, reconfigurar as turmas e voltar à rotina da escola depois de um mês inteiro de férias requer muita atenção e cuidado. “O retorno às aulas pode ser muito exigente para todas as crianças. Nas férias, muitas vezes, elas não seguem a mesma rotina de horários para dormir ou se alimentar. Algumas viajam, passam dias fora de casa. Voltar para uma rotina mais estruturada é sempre bastante desafiador. No caso das crianças pequenas, vemos que mesmo as que já estão conosco desde o início do ano, que já se apropriaram do espaço e da rotina escolar, e que já possuem vínculo com as professoras, muitas vezes choram na hora da despedida dos pais, se mostrando mais sensíveis e cansadas ao longo do dia”.
Além disso, é comum que no mês de agosto, aconteça uma grande novidade na vida das crianças que já estavam na escola: a chegada de novos colegas na turma! Esse evento desperta a curiosidade de todos e também traz novos desafios. “Na Educação Infantil, faz parte do processo de acolhimento das crianças que estão chegando, que elas estejam acompanhadas, nos primeiros dias, de seus pais, mães ou adultos com quem elas tenham um vínculo de confiança. As crianças que já estavam na escola têm que lidar com o sentimento de não estarem mais na presença de seus acompanhantes. Então, as professoras realizam um trabalho de acolhimento para fortalecer cada uma dessas crianças, sinalizando o quanto elas já conhecem a escola, o quanto já sabem fazer por si só, quantos amigos elas já têm. Reforçar essas conquistas e habilidades, convida as crianças para que elas se coloquem em um lugar mais potente, se enxergando como modelo e referência para as que estão chegando”.
Já as crianças que estão chegando pela primeira vez na escola, estão vivenciando uma experiência muito profunda na vida delas. É um contexto totalmente novo, cheio de desafios. Neste caso, durante todo este período inicial de acolhimento, além da professora e da assistente da turma, cada criança é acompanhada de perto por outros membros da equipe, garantindo que um olhar individual possa acontecer efetivamente. Isso permite que, em momentos de curiosidade, elas possam, acompanhadas desse adulto, conhecer o espaço, explorar os cantinhos da escola e participar de outros processos mesmo que seu grupo esteja realizando uma outra atividade com a professora. “Além disso, como falamos, tem a presença do adulto que é a referência de segurança para elas – a mãe, o pai, a babá ou a avó, autorizando a criança a explorar, brincar e experimentar esse novo espaço. Com o tempo, esse adulto vai se distanciando do processo. Ele ainda continua na escola, mas a criança começa a ir desassociando a escola desta pessoa. No momento em que as professoras percebem que a criança está segura e confortável e que ela já estabeleceu um vínculo de confiança com um adulto de nossa equipe, ela começa a se despedir dos pais e o tempo de permanência na escola pode ser aumentado” – conta Camila.
Para as novas famílias, esse período também traz muitos desafios. Por isso, quando pensamos em processo de acolhimento, trazemos um olhar atencioso também para as mães e os pais das crianças. “Fazemos uma reunião com todas as famílias que estão entrando na escola. Contamos sobre como nos organizamos, o que esperamos neste primeiro momento e, sobretudo, nos abrimos para escutar suas emoções. É natural que alguns pais e mães possam se sentir ansiosos, preocupados, expressando angústias com relação a esta nova etapa da vida. Procuramos acolher e ajudá-los com estes sentimentos. É, também, o momento de conhecermos e entendermos um pouco sobre a família que estamos recebendo, porque essa compreensão dirá muito sobre o processo que a criança viverá aqui na escola”.
Carolina, mãe do Rafael, que entrou este ano no Yellow Orange 3 afirma que um dos motivos que a fez escolher a be.Living foi a possibilidade de ter esse tempo de acolhimento junto com seu filho na escola. “A criança vive no ambiente dela e quando chega o momento de ela ir para a escola, ela cai, de repente, em um ambiente totalmente diferente do que ela está acostumada. Ter alguém como referência, como o porto seguro dela, para olhar e recorrer, é muito importante para a criança. Como mãe, fiquei bastante ansiosa em querer saber o que ia acontecer, como ele iria se comportar e lidar com cada situação. Mesmo quando saímos da escola, continuamos a receber notícias de como eles estão, podemos dar uma espiada e ficamos mais tranquilas ao saber que eles estão sendo bem cuidados, acolhidos, recebendo colo quando choram. É um preparo para o momento seguinte, quando não estaremos mais aqui. Como mãe, é fundamental entender como é a escola, como ela cuida da criança nesse período desafiador. Tratamos a criança de um determinado jeito e gostaríamos que a escola fosse a extensão daquilo que fazemos em casa. Estar aqui dentro nos dá mais conforto e segurança de que isso está sendo feito”.
Para Paloma, mãe da Maria Clara, que está no Yellow Orange 2, este tempo que ela passou com a filha na escola também foi imprescindível. “Não é um momento de adaptação somente para a criança, é para a mãe também. No meu primeiro dia, que teve reunião dos pais, eu cheguei na escola e comecei a chorar. Foi muita emoção misturada: ‘minha filha está crescendo, vamos passar um tempo longe uma da outra’… Nós somos muito próximas. A Cacá nasceu no auge da pandemia, sem muito contato com o externo por muito tempo. Conforme a pandemia foi passando, começamos a ter mais contato, mas mesmo assim, ela não tinha muita vivência com outras crianças. Eu tinha insegurança. Então, este tempo que a be.Living oferta foi determinante para eu conhecer a escola, ver como a dinâmica acontece. Vi crianças chorando e sendo acolhidas com muito carinho pelas professoras… Tudo isso, vai acalmando o nosso coração. O acolhimento é muito precioso para as crianças, há um respeito com o tempinho delas até que elas se sintam seguras. Não é uma coisa abrupta. Aos poucos, vendo as professoras tão carinhosas e a minha filha começando a conversar mais com os amiguinhos, se permitindo ser mais ela nos momentos em que ela se sentia mais a vontade, foi me deixando mais calma e feliz, sentindo que escolhi um lugar bom para ela estar”.