É certo que os alunos do século XXI não são os mesmos do século passado. E há tempos que se discute a ideia de como desenvolver nos alunos o interesse pela aprendizagem na era em que têm acesso a todo tipo de informação, a qualquer momento e em qualquer lugar.
Não há como negar que o uso do iPad em sala de aula, assim como outros recursos tecnológicos, pode ser uma ferramenta a favor da escola atual. Essa nova geração passou por mudanças. Os nativos digitais, aqueles com menos de 20 anos, demonstram necessidade simultânea e uma noção acelerada de processos e aprendizado. Em sua maioria têm um modo de vida simples, democrático, digital, altamente participativo e em rede, dinâmico e com enorme produção coletiva.
Por essas razões, além do conteúdo estar conectado com o dia a dia do aluno, faz-se necessário ao professor incorporar e assimilar o que essa geração já faz, ou seja, entender e se interessar pelas experiências que o aluno traz para sala de aula.
Jovens professores têm experimentado o uso da tecnologia em sala de aula e afirmam que tem sido uma ferramenta intermediadora, abrindo novas portas para refletirem sobre novas metodologias: “Pensar em um mundo no qual os estudantes têm mais acesso ao meio digital, permiti-nos pensar a tecnologia como uma intermediadora tanto em assuntos específicos (por exemplo: na disciplina de História, o acesso às fontes históricas) assim como na elaboração e realização de projetos interdisciplinares.’’ Garante a professora Karoline Kika Uemura, especialista em História.
Apesar de não ser uma tarefa fácil ou rápida e exigir do professor tempo, dedicação, vontade e paciência, essas novas ferramentas podem garantir ao docente e ao aluno um espaço maior para discussão e aprofundamento dos conteúdos. A experiência do professor Marlon Bianchini, especialista em Geografia, com relação ao modelo de “aula invertida”, pode servir de inspiração a outros docentes: “O caso das aulas invertidas é emblemático. Produzi de modo caseiro e amador dezenas de vídeo-aulas de unidades inteiras da matéria de todas as minhas turmas e disponibilizo a meus alunos conforme vamos avançando o ano letivo. Via de regra, eles adoram, interagem, assistem as aulas quando querem e quantas vezes quiserem, inclusive se faltaram ou viajaram ou ainda antes das provas como estudo. Além disso, sobrou mais tempo em sala para tantas outras possibilidades que antes ficavam em hibernação. Entretanto, devo enfatizar que não foi nada simples tudo isso acontecer, nem mesmo meu próprio entendimento sobre o que estava acontecendo; tive que arriscar literalmente, ver no que daria e fazer ajustes, mas, ainda bem, o resultado foi e ainda é muito proveitoso.”
Casos como esses podem servir de inspiração para mudanças de paradigmas na educação. Sabemos que a presença da tecnologia na vida escolar é desafiadora, mas ao mesmo tempo surpreendente. Se a ideia é formar alunos para a vida, que é repleta dessas tecnologias, por que não questionar e buscar formas adequadas de adaptá-las e inseri-las ao cotidiano escolar? Acredito que vale a reflexão!
Professora Bruna Elias, Coordenadora pedagógica Colégio Brasil Canadá.