Parceria com as famílias é essencial em escolas particulares, destaca colunista do Estadão

Renata Cafardo, colunista de educação do jornal O Estado de S. Paulo, aborda tema fundamental para o relacionamento entre famílias e instituições de ensino: a parceria na educação. Em matéria publicada no último domingo, 25 de agosto, a jornalista destaca que, ao contrário de outros serviços, a escola particular é um ambiente onde o cliente nem sempre tem razão. A relação vai muito além de uma simples escolha de consumo.

Superproteção e novas tecnologias

Segundo a articulista, a vida contemporânea é marcada por uma geração de pais superprotetores e pela influência avassaladora da tecnologia, que expõem crianças e adolescentes a conteúdos extremamente prejudiciais. “Vivemos tempos difíceis, com gerações criadas por pais superprotetores e, ao mesmo tempo, incentivadas pelas tecnologias para ir às profundezas do que há de mais podre, triste e perigoso”.

“É claro que o sofrimento da sociedade chega à escola”, escreve Cafardo. As instituições de ensino enfrentam cada vez mais desafios como racismo, homofobia, capacitismo e outras formas de violência e preconceito. No entanto, a colunista aponta que boas escolas trabalham esses conflitos com recursos pedagógicos, transformando-os em oportunidades para ensinar valores e promover aprendizado –  e não para a punição.

Confiança e diálogo

A relação entre família e escola deve ser baseada na confiança. “Escola não é polícia, não é o sistema judiciário”, sustenta o artigo. “Escolas formam pessoas, usam o erro para transformar vidas, formam caráter, lidam com crianças e adolescentes e não com adultos já feitos. Bom sempre repetir”.

“Escolas também erram. Educadores cometem equívocos, negligências, preconceitos”, ressalta Cafardo.  Sabendo disso, é essencial que os pais confiem nos profissionais que escolheram para contribuir para o desenvolvimento de seus filhos. Para que a parceria funcione, é necessário que esses responsáveis se envolvam, dialoguem com os professores, compartilhem os desafios enfrentados em casa e abandonem a ideia de que seus filhos são perfeitos. “Muitos (pais) gostam mais do movimento de linchamento coletivo das escolas em grupos de WhatsApp. Não raro se tornam públicos.”

Repense essa parceria

Sustenta a articulista: “É claro que, como em qualquer parceria, é saudável opinar, sugerir, criticar. Mas não há educação possível quando não se confia mais. Crianças e adolescentes percebem muito facilmente a insatisfação dos pais, passam a desrespeitar professores e acaba qualquer possibilidade de aprendizagem”.

O período de abertura de matrículas é uma ótima oportunidade para repensar a parceria entre famílias e escolas, escreve Renata Cafardo. Ela sugere que os pais aproveitem esse momento para fazer perguntas importantes sobre como a escola lida com conflitos, bullying, diversidade, e como a instituição promove o pertencimento e o desenvolvimento emocional dos alunos.

Mais do que focar em quantos ex-alunos ingressaram nas melhores universidades, os pais devem avaliar se a escola está formando cidadãos completos, autônomos, íntegros e mentalmente saudáveis. “E só permaneça se continuar confiando”, aconselha Renata Cafardo.

Leia a matéria completa de Renata Cafardo clicando aqui.

Especialista da USP sustenta que ensino bilíngue prepara as crianças para a sociedade globalizada

Cada vez mais presente em escolas ao redor do mundo, a bilingual education vai muito além da aprendizagem de um novo idioma. Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, considera que essa modalidade de ensino promove um desenvolvimento cognitivo mais amplo e prepara as crianças para enfrentar os desafios de uma sociedade globalizada. É o que contou a professora em entrevista ao Jornal da USP no dia 8 de agosto deste ano.

Rodrigues ressalta que o aprendizado de línguas deve ser integrado a vivências sociais e culturais, o que enriquece a comunicação e contribui para o desenvolvimento de habilidades interculturais. Em um ambiente bilíngue, os alunos não apenas aprendem a falar outro idioma, mas também desenvolvem uma compreensão mais profunda de diferentes culturas, o que amplia sua visão de mundo e as possibilidades de interação social.

A especialista explica que existem diferentes abordagens na educação bilíngue, como a educação aditiva e subtrativa, que operam numa perspectiva mais monolítica, com a separação da vivência dos idiomas. Em contraste, a educação dinâmica busca integrar línguas, culturas e conteúdos curriculares de forma harmoniosa.

Nesse modelo, as escolas incentivam o estudo das línguas e culturas de maneira integrada, muitas vezes por meio de projetos e propostas didáticas em que tanto alunos quanto professores transitam naturalmente entre as línguas, ambas consideradas como línguas de instrução.

Ao inserir as crianças em um ambiente multilíngue, a educação bilíngue facilita o desenvolvimento de competências essenciais para o futuro, preparando os alunos para um mercado de trabalho cada vez mais internacional e para uma sociedade que valoriza a diversidade cultural.

Mais informações: Jornal da USP

OEBi realiza encontro de formação com consultoras de imagem

A OEBi promoveu recentemente o curso “Qual o impacto da sua imagem no seu trabalho e vida pessoal”, dirigido aos colaboradores das escolas associadas. O encontro abordou estratégias de estilo que podem fortalecer a imagem de cada profissional em determinados locais e momentos. O curso aconteceu no dia 25/5 na Builders Educação Bilíngue, escola associada à OEBi.

O encontro contou com a presença das consultoras de imagem Yara Mahfuz e Priscila Ibrahim. O objetivo foi o de estimular os colaboradores a seguir o código de vestimenta das escolas em que atuam, sem perder o próprio estilo, levando-os a agregar cada vez mais assertividade e credibilidade à sua imagem pessoal. Tudo isso para melhorar a autoestima, ampliar o autoconhecimento e estimular a valorização pessoal.

Os participantes do encontro puderam colaborar com o Projeto Brasa, que acolhe crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, doando itens de material escolar e de escritório. Estiveram presentes no curso diversos profissionais das escolas da OEBi, como Builders, Integration, Kinder Kampus, Amazing, Brasil Canadá e Kindy Kids.

 Perfil dos Consultores

Yara Mahfuz é consultora de imagem. Formada em Relações Públicas, trabalha há mais de 30 anos no varejo de moda de luxo, no desenvolvimento de produtos e direção de estilo, junto a marcas nacionais e internacionais.

Priscila Ibrahim é consultora de imagem. Formada em Administração de Empresas, trabalha há quase 30 anos na indústria da moda, com desenvolvimento de produtos e direção de estilo.

OEBi realiza evento com líderes da educação do Brasil e Reino Unido

A OEBi foi convidada pelo Consulado Geral Britânico São Paulo para a realização de uma mesa-redonda com o objetivo de fomentar o diálogo entre líderes do setor educacional do Reino Unido e Brasil.

O encontro aconteceu nesta terça-feira (23), no Brasil Canadá, e contou com a presença de nomes importantes da educação britânica, incluindo a vice-presidente da Bett Educar e representantes do Governo Britânico, Lightspeed Systems, Schooly, ISC Research, entre outros.

As escolas da OEBi também estavam bem representadas, com a presença da Kindy, Brasil Canadá, BIS, Aubrick e Amazing. Foi uma oportunidade incrível para fortalecer laços, discutir inovações educacionais e estabelecer um diálogo construtivo para o futuro da educação.

Brazilian International School, colégio associado à OEBi, vence competições acadêmicas na Inglaterra

O jornal Perfil Brasil publicou, na última segunda-feira (15), uma matéria destacando as conquistas dos estudantes do Brazilian International School (BIS), colégio associado à OEBi, em dois importantes torneios acadêmicos internacionais.

O BIS representou o Brasil nas competições British English Olympics (BEO) e The Masters – Insight into Management, ambas realizadas na Inglaterra.

Esta edição do BEO teve como tema a Inteligência Artificial (IA). O grupo de 20 alunos do BIS trouxe para casa os prêmios de primeiro lugar nas categorias Improvisation e Debate, além do troféu de Escola Campeã do BEO 2024.

No The Masters, 10 alunos representaram o BIS, desenvolvendo uma plataforma de aconselhamento de carreira para futuros universitários baseada em IA.

A matéria completa pode ser acessada no site do Perfil Brasil. Leia aqui.

 

OEBi realiza primeira Reunião de Membros de 2024

A OEBi (Organização de Escolas Bilíngues) é exemplo de parceria e compartilhamento. Representantes das escolas associadas estiveram reunidos no dia 28/2 para discutir os projetos e estratégias delineadas para 2024.

Foram apresentadas Propostas da Diretoria de Marketing e sugeridas parcerias pela Diretoria Comercial. Já a Diretoria de Interação de Alunos discutiu os eventos que serão realizados ao longo do ano. As ideias para futuros webinars foram expostas pela Diretoria de Formação. Coube à Diretoria de Ações Sociais apresentar iniciativas a serem realizadas em colaboração com o Projeto Brasa, um projeto social sem fins lucrativos.

Confira as fotos deste momento significativo de troca e aprendizagens no Instagram da OEBi!

 

A pesquisa na Educação Infantil

por be.Living

“Se o seu coração fosse uma parte da sua casa, que lugar ele seria?”.

“Quando você viaja para fora de São Paulo, no feriado, você percebe que tem mais árvores na cidade ou fora dela?”.

“Quais animais você já viu ou conheceu pessoalmente?”

Essas são algumas das pesquisas que as crianças da Educação Infantil da be.Living levaram para fazer em casa ao longo deste ano. De maneira simples, apropriada e significativa, elas têm a oportunidade de, ainda pequenininhas, ir entrando em contato e aprendendo a fazer pesquisa – ferramenta tão importante para o desenvolvimento da aprendizagem e para a aquisição do conhecimento.

Nossa coordenadora pedagógica, Camila Maia, explica que as pesquisas realizadas na Educação Infantil acontecem com diferentes propósitos. “Quando as professoras estão planejando discutir um novo assunto com as crianças ou introduzir um novo tema para ser trabalhado em um projeto com a turma, as pesquisas ajudam a entender o que as crianças já conhecem sobre o assunto para que as educadoras possam ter mais recursos para iniciar a discussão. Em outras situações, as pesquisas entram como forma de agregar conhecimento, ou seja, quando as crianças já estão conhecendo sobre algum assunto ou já estão desenvolvendo um projeto sobre determinado tema, essas pesquisas acontecem para aprofundar este conhecimento”.

Neste sentido, a coordenadora afirma que a pesquisa está muito associada ao valor social do conhecimento que elas estão construindo dentro da escola. “A pesquisa induz as crianças a fazerem sempre este questionamento de associar o que elas aprendem em ambiente escolar com o cotidiano delas, na vida em família, nos espaços que elas frequentam”.

Camila explica que, nesta idade, as pesquisas são realizadas pelas crianças juntamente com suas famílias. “Cada vez mais, fortalecemos a importância de as famílias realizarem estas pesquisas com suas crianças. Sempre que mandamos uma pesquisa para casa, orientamos sobre o que se espera com cada pergunta, para que a família possa contribuir da melhor forma possível para o processo do grupo e da criança. Na prática, as crianças levam para casa uma folha, onde elas vão registrar a resposta para a pergunta que a professora está fazendo. Na grande maioria das vezes, pedimos para que os familiares escrevam, mas também mandem imagens como recorte de revista, foto da criança, desenho ou uma imagem gráfica que ilustre  a resposta e sirva de apoio para que a criança possa compartilhar com os amigos na hora da roda”.

Segundo Camila, uma etapa muito importante deste trabalho é o momento em que as crianças chegam na escola com a pesquisa feita e, em roda, contam ao grupo sobre como foi o processo e sobre o que descobriram. “A pesquisa tem esse papel muito importante de compartilhar os conhecimentos, de fortalecer o pertencimento num grupo social. Neste sentido, o envolvimento das famílias no processo é muito importante. Por meio de reuniões, notícias e estratégias diversas, compartilhamos com os familiares os percursos que estão sendo vivenciados pelos grupos. Ao saberem o que o grupo está trabalhando, as famílias podem realizar uma pesquisa muito mais significativa, dando informações assertivas por escrito e garantindo o uso de imagens para a criança se apoiar no momento de partilhar o seu conhecimento”.

A parceria com as famílias é um pilar muito importante em todo o trabalho realizado na Educação Infantil da be.Living. Trazemos as famílias para dentro da escola, planejamos eventos e situações em nosso calendário para recebê-las em momentos de interação e brincadeira, e também, em momentos em que compartilhamos o que está sendo vivido e construído com cada criança e grupo. Entendemos que é fundamental que as famílias acompanhem o que as crianças estão vivenciando para que elas possam dar suporte e sentido, do lado de fora, ao que as crianças estão aprendendo aqui. Ouvimos muito das crianças que suas famílias as levaram para determinada exposição porque elas estavam conhecendo determinado artista aqui na escola. Ou que fizeram um passeio específico porque sabiam sobre o que elas estavam aprendendo na escola. Essa parceria com a família é uma forma de convidar as crianças a continuarem o processo de aprendizagem fora da escola, valorizando e dando visibilidade para as suas narrativas e para o que elas estão construindo em termos de cultura e conhecimento. Mesmo no caso das crianças do Blue, que são mais velhas e até teriam condição de fazer um registro desses sozinhas, consideramos esse momento de troca com a família fundamental, porque é um momento de troca afetiva muito profunda, em que a criança está falando para os pais sobre algo que está sendo importante para a vida dela”.

Consciência Negra é todo dia e toda hora

por be.Living

No mês de novembro, celebramos o Dia da Consciência Negra, momento em que todos somos convidados a refletir sobre este assunto tão essencial para a evolução da nossa sociedade. Conversamos com nossa coordenadora do Ensino Fundamental, Gabriela Fernandes, que explicou como a temática antirracista permeia o currículo e as práticas educativas propostas pela be.Living. Confira a entrevista:

b.L: Por que o Dia da Consciência Negra é importante para o calendário escolar? 

Gabriela Fernandes: A importância da data em si já é um trabalho de conscientização e de antirracismo. Se pararmos para pensar, é um absurdo que tenhamos que ter uma data para conseguir trabalhar o imaginário das pessoas sobre a importância de nos indignarmos, lutarmos e transformarmos uma sociedade tão racista como a nossa. É importante que esta data esteja não somente no calendário escolar, mas no calendário nacional, porque é urgente que as pessoas se conscientizem do absurdo que é o fato de que 56,4% da população brasileira, ou seja, uma comunidade imensa, sofra discriminação estrutural em seu dia a dia, em seus salários. Na be.Living não trabalhamos este assunto pontualmente em decorrência deste calendário. Nosso currículo escolar tem essa temática presente e em pauta ao longo de todo o ano. Nesta data específica – que é um dia que não estamos juntos com as crianças devido ao feriado – trazemos provocações a mais, para além do que já trazemos sempre, a serem trabalhadas anteriormente ou posteriormente ao Dia da Consciência Negra.

b.L: É possível perceber o racismo enraizado no contexto da educação? 

Gabriela Fernandes: O racismo é estrutural na educação, ele está intrínseco à nossa sociedade. Conseguimos perceber o racismo na educação através do currículo, dos livros didáticos, da visão da história contada somente pelos olhos do colonizador. Se analisarmos a língua portuguesa e o vocabulário utilizado para identificar e validar os povos originários –  por exemplo o uso de palavras como ‘selvagem’ e ‘tribos’ – o racismo fica muito evidente. Percebemos o racismo na educação pela forma como os temas são trazidos para as crianças. A nossa busca, enquanto escola, é trazer os temas e a história do Brasil e do mundo, contados a partir de diferentes pontos de vista, ampliando o olhar das crianças com as visões de todos os envolvidos. Este ano, Ailton Krenak foi o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras. A política de cotas, uma política de reparação histórica, começa a mudar o perfil da academia brasileira no momento em que fica evidente o  aumento de estudantes negros na USP (Universidade de São Paulo). Mudanças estruturais como essas em nossa sociedade, evidenciam  a necessidade de uma mudança no currículo escolar, validando a história de nosso povo e de nosso país a partir de outros pontos de vista. Quando nos dispomos a pesquisar, conseguimos entender a história de uma maneira muito mais ampla. O currículo que trabalhamos hoje no Ensino Fundamental da be.Living é antirracista. Já no Year 1, trazemos para as crianças o continente africano para que elas possam compreender a potência deste continente. Na minha época de escola, nós aprendíamos sobre a África a partir da visão estreita do colonizador e olhávamos para os negros no papel de escravizados, pessoas que apanhavam e mal reagiam. Quando, na verdade, a abolição da escravidão aconteceu no Brasil, em grande parte,  devido à luta e à reação do povo negro.

b.L: De que formas a be.Living combate a perpetuação do racismo?

Gabriela Fernandes: A be.Living é uma escola que decidiu, já há muitos anos, que teria responsabilidade social em relação a isso. Acreditamos que só conseguimos fazer uma educação antirracista e combater a perpetuação do racismo se o currículo da escola for pensado neste sentido. Isso significa que todas as situações de ensino-aprendizagem terão o cuidado de ampliar a visão das crianças, buscando construir um olhar para uma sociedade com maior equidade. Não há nada que justifique, na história do mundo e da humanidade, que uma pessoa ganhe mais ou menos, ou que tenha mais ou menos acesso a oportunidades, devido à cor de sua pele. Entendemos que por sermos uma escola particular, em que a maior parte dos estudantes é branca, temos uma responsabilidade ainda maior no sentido de que as crianças vejam pessoas negras ocupando diversos lugares na sociedade, na ciência, na cultura brasileira e do mundo. Por isso, temos o cuidado de fazer escolhas em nosso currículo – desde como vamos trabalhar cada tema até quais leituras, personagens, pintores, cantores, escultores e autores vamos estudar – que possibilitem que as crianças enxerguem o povo negro no lugar de quem produz conhecimento.

b.L:  Existe um trabalho de formação desenvolvido com a equipe de professores e funcionários da escola neste sentido?

Gabriela Fernandes: Sim. Quando decidimos fazer essa mudança no nosso currículo, nós compreendemos que precisaríamos primeiramente formar os professores. Não seria possível mudar o currículo da escola sem ter os professores juntos nessa mudança. Então, chamamos a pesquisadora e educadora Mafuane Oliveira, que na época era professora de Cultura Brasileira em nossa escola, para formar uma equipe em educação antirracista. Em 2019, realizamos uma formação, durante o ano todo, com toda a equipe pedagógica da escola, para que cada um pudesse se entender no mundo a partir deste prisma e entender a educação antirracista. Foi uma formação que reverberou muito no nosso currículo e na nossa forma de pensar. Teve um trabalho muito profundo realizado com a Mafuane, de olharmos para a forma como falamos, para ir eliminando esse vocabulário racista do nosso cotidiano. Depois desta formação, realizamos um congresso de professores, em que foram apresentados trabalhos desenvolvidos com essa nova perspectiva antirracista. Fizemos uma mudança significativa no currículo, escolhendo outros livros didáticos que representavam uma nova forma de olhar para esta questão.  Depois, tornou-se um trabalho constante de currículo, planejamento e de processo formativo. Eu, como coordenadora pedagógica, estou olhando o tempo todo para isso.  É um trabalho de dia a dia. Não é um trabalho pontual.  Por isso, 20 de novembro não é uma data pontual. Se queremos mudar uma sociedade racista, temos que pensar todos os dias sobre isso. Precisamos questionar o fato de que em determinados lugares não há a presença de nenhuma pessoa negra. Até que venha uma indignação com relação a isso. Transformar a sociedade não é uma mudança que se faz no externo. É uma mudança que se faz, primeiro, internamente, e que só assim, quando você estiver muito incomodada com a situação, você consegue atuar para uma mudança. Tem uma pensadora chamada Grada Kilomba que foi uma das pessoas que mais me transformou. Ela fala que o antirracismo tem a ver com responsabilidade e que há 5 passos neste processo de responsabilização, para conseguir ser uma pessoa antirracista: percepção, culpa, vergonha, reconhecimento e reparação.

b.L:  Você pode explicar um pouco mais sobre o que vem a ser um currículo antirracista?

Gabriela Fernandes: O currículo antirracista implica em validar toda a produção de conhecimento tanto dos povos originários quanto dos povos negros que construíram este país. É uma educação que vai olhar para a história por todos os seus lados, considerando todas as visões, e que vai validar a produção artística, literária e científica de todas as pessoas envolvidas no processo. Por exemplo, quando trabalhamos as Revoltas que fizeram a História do Brasil, olhamos mais profundamente para as revoltas populares, não validando somente a ideia do colonizador ou do burguês, que está com o poder na mão. Mas olhando e validando o envolvimento de todo mundo que fez parte da história. É importante lembrarmos que existem duas leis no Brasil: a L10.639 e a L11.645 que tornam obrigatórios na escola os ensinos sobre História e Cultura africana, afro-brasileira e indígena. Nosso trabalho está ancorado nesta legislação.

b.L:  Como a educação antirracista é colocada em prática e vivenciada, no dia a dia da escola?

Gabriela Fernandes: As práticas são muitas, vou dar alguns exemplos. O primeiro ano tem o projeto Sankofa. Sankofa é um ideograma africano que significa “Nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou para trás”. Este projeto que olha para a África e para a potência do povo negro, é extenso e acontece o ano todo. As crianças realizam saída pedagógica para o Museu Afro Brasil e olham para tudo o que o povo africano trouxe para o Brasil e para nós, brasileiros. O segundo ano faz um trabalho de modos de vida em diferentes tempos, olhando para a constituição da cidade de São Paulo e para a força deste povo na construção desta cidade. Faz parte deste projeto, pesquisar onde elas moram, quanto tempo demoram para chegar de casa até a escola, porque elas estão olhando para o funcionamento da cidade. Neste momento, nós propomos que elas realizem uma entrevista com várias pessoas da escola. E as crianças começam a perceber que a maior parte da gestão e dos professores não mora tão distante da escola, enquanto que as pessoas que realizam a limpeza da escola, por outro lado, moram mais distante. São problematizações reais do dia a dia sendo vistas pelas próprias crianças, para que elas tenham uma consciência de que existe uma vida diferente daquelas que elas estão acostumadas a levar.

b.L: Quais são os maiores desafios enfrentados em trabalhos como este, que implicam mudança de pensamentos tão antigos e arraigados? 

Gabriela Fernandes: O maior desafio somos nós, pessoas. É formar pessoas, inspirar para que elas se enfrentem e estejam dispostas a trazer isso tudo para a consciência. Porque o trabalho antirracista é, no fundo, um trabalho de autoconhecimento, que exige uma disposição para olhar para as questões mais doloridas da nossa sociedade e, a partir daí, do momento em que a gente se conscientiza, tem a ação e a manutenção diária. É alcançar essa compreensão de que não é algo para alguém ver. É todo dia e toda hora.

b.L: Já é possível testemunhar conquistas neste sentido?

Gabriela Fernandes: A maior conquista possível de testemunharmos é o nosso currículo. Temos um currículo antirracista muito consolidado. As crianças começam no Year 1 com o projeto Sankolfa e terminam no Year 5 realizando um trabalho imenso sobre os Direitos Civis, pautado em toda a luta do povo negro dos Estados Unidos. A grande conquista é olhar para o nosso currículo e ver o quanto ele foi efetivo, o quanto nós já conseguimos transformar e o quanto ele reverbera com essas questões. As crianças ainda são muito pequenas para que seja possível ver na ação delas uma grande mudança. Trabalhamos com a infância, na ideia de que estamos semeando uma nova concepção de relações e de país. Faz parte da aprendizagem humana darmos as mãos uns para os outros, e darmos passagem para todos os povos, com equidade, respeito e gratidão.

Educação Bilíngue ganha destaque no Educa Week 2023 com participação da OEBi

O Educa Week, um dos principais eventos de educação do país, contou com expressiva participação da OEBi. Realizado no Esporte Clube Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, o evento ocorreu entre os dias 16 e 20 de outubro, reunindo mais de 200 líderes educacionais com o objetivo de buscar soluções disruptivas e transformadoras para os desafios educacionais que o Brasil enfrentará nas próximas décadas.

O presidente da OEBi, Kevin Sorger, liderou um painel que discutiu o bilinguismo no dia 18/10. Beto Silveira, do Brasil Canadá, Fernanda Nyari, da Kinder Kampus, e Barbara Porro, da TreeHouse Fortaleza, uniram-se a Sorger para abordar diversos aspectos relacionados à educação bilíngue.

Os especialistas desvendaram os mitos e verdades relacionados ao bilinguismo, abordando as vantagens da educação bilíngue para o desenvolvimento dos estudantes. Durante o painel, os participantes analisaram as mudanças significativas que ocorreram nos últimos anos na educação bilíngue no Brasil, reconhecendo a crescente importância desse modelo de ensino.

O grupo explorou ainda o processo de aprendizado de crianças em ambientes bilíngues e os maiores desafios enfrentados pelas escolas no cenário educacional atual.

Outras escolas associadas à OEBi também marcaram presença no evento dia 19. Do Painel Digital “Ensino Bilíngue: conquistas e desafios” participaram Andreia Rocha, diretora da Amazing School, Ana Célia Mustafá Campos, fundadora da Builders, Daniela Avanzi, diretora do departamento internacional na Móbile, e Mariana Resende Fernandes, coordenadora pedagógica da Aubrick.

A discussão abordou as conquistas e desafios enfrentados pelas escolas que adotam o ensino bilíngue, enriquecendo ainda mais as conversas e insights oferecidos durante o Educa Week. Assista aqui.

Confira as entrevistas em vídeo com Kevin Sorger, Fernanda Nyari, Beto Silveira e Cesar Pazinatto.

 

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Kevin Sorger, presidente da OEBi e diretor da Kindy Escola Americana

 


Fernanda Nyari, diretora da Kinder Kampus e Beto Silveira, diretor do Brasil Canadá

 


Cesar Pazinatto, diretor da See-Saw