A pesquisa na Educação Infantil

por be.Living

“Se o seu coração fosse uma parte da sua casa, que lugar ele seria?”.

“Quando você viaja para fora de São Paulo, no feriado, você percebe que tem mais árvores na cidade ou fora dela?”.

“Quais animais você já viu ou conheceu pessoalmente?”

Essas são algumas das pesquisas que as crianças da Educação Infantil da be.Living levaram para fazer em casa ao longo deste ano. De maneira simples, apropriada e significativa, elas têm a oportunidade de, ainda pequenininhas, ir entrando em contato e aprendendo a fazer pesquisa – ferramenta tão importante para o desenvolvimento da aprendizagem e para a aquisição do conhecimento.

Nossa coordenadora pedagógica, Camila Maia, explica que as pesquisas realizadas na Educação Infantil acontecem com diferentes propósitos. “Quando as professoras estão planejando discutir um novo assunto com as crianças ou introduzir um novo tema para ser trabalhado em um projeto com a turma, as pesquisas ajudam a entender o que as crianças já conhecem sobre o assunto para que as educadoras possam ter mais recursos para iniciar a discussão. Em outras situações, as pesquisas entram como forma de agregar conhecimento, ou seja, quando as crianças já estão conhecendo sobre algum assunto ou já estão desenvolvendo um projeto sobre determinado tema, essas pesquisas acontecem para aprofundar este conhecimento”.

Neste sentido, a coordenadora afirma que a pesquisa está muito associada ao valor social do conhecimento que elas estão construindo dentro da escola. “A pesquisa induz as crianças a fazerem sempre este questionamento de associar o que elas aprendem em ambiente escolar com o cotidiano delas, na vida em família, nos espaços que elas frequentam”.

Camila explica que, nesta idade, as pesquisas são realizadas pelas crianças juntamente com suas famílias. “Cada vez mais, fortalecemos a importância de as famílias realizarem estas pesquisas com suas crianças. Sempre que mandamos uma pesquisa para casa, orientamos sobre o que se espera com cada pergunta, para que a família possa contribuir da melhor forma possível para o processo do grupo e da criança. Na prática, as crianças levam para casa uma folha, onde elas vão registrar a resposta para a pergunta que a professora está fazendo. Na grande maioria das vezes, pedimos para que os familiares escrevam, mas também mandem imagens como recorte de revista, foto da criança, desenho ou uma imagem gráfica que ilustre  a resposta e sirva de apoio para que a criança possa compartilhar com os amigos na hora da roda”.

Segundo Camila, uma etapa muito importante deste trabalho é o momento em que as crianças chegam na escola com a pesquisa feita e, em roda, contam ao grupo sobre como foi o processo e sobre o que descobriram. “A pesquisa tem esse papel muito importante de compartilhar os conhecimentos, de fortalecer o pertencimento num grupo social. Neste sentido, o envolvimento das famílias no processo é muito importante. Por meio de reuniões, notícias e estratégias diversas, compartilhamos com os familiares os percursos que estão sendo vivenciados pelos grupos. Ao saberem o que o grupo está trabalhando, as famílias podem realizar uma pesquisa muito mais significativa, dando informações assertivas por escrito e garantindo o uso de imagens para a criança se apoiar no momento de partilhar o seu conhecimento”.

A parceria com as famílias é um pilar muito importante em todo o trabalho realizado na Educação Infantil da be.Living. Trazemos as famílias para dentro da escola, planejamos eventos e situações em nosso calendário para recebê-las em momentos de interação e brincadeira, e também, em momentos em que compartilhamos o que está sendo vivido e construído com cada criança e grupo. Entendemos que é fundamental que as famílias acompanhem o que as crianças estão vivenciando para que elas possam dar suporte e sentido, do lado de fora, ao que as crianças estão aprendendo aqui. Ouvimos muito das crianças que suas famílias as levaram para determinada exposição porque elas estavam conhecendo determinado artista aqui na escola. Ou que fizeram um passeio específico porque sabiam sobre o que elas estavam aprendendo na escola. Essa parceria com a família é uma forma de convidar as crianças a continuarem o processo de aprendizagem fora da escola, valorizando e dando visibilidade para as suas narrativas e para o que elas estão construindo em termos de cultura e conhecimento. Mesmo no caso das crianças do Blue, que são mais velhas e até teriam condição de fazer um registro desses sozinhas, consideramos esse momento de troca com a família fundamental, porque é um momento de troca afetiva muito profunda, em que a criança está falando para os pais sobre algo que está sendo importante para a vida dela”.

Consciência Negra é todo dia e toda hora

por be.Living

No mês de novembro, celebramos o Dia da Consciência Negra, momento em que todos somos convidados a refletir sobre este assunto tão essencial para a evolução da nossa sociedade. Conversamos com nossa coordenadora do Ensino Fundamental, Gabriela Fernandes, que explicou como a temática antirracista permeia o currículo e as práticas educativas propostas pela be.Living. Confira a entrevista:

b.L: Por que o Dia da Consciência Negra é importante para o calendário escolar? 

Gabriela Fernandes: A importância da data em si já é um trabalho de conscientização e de antirracismo. Se pararmos para pensar, é um absurdo que tenhamos que ter uma data para conseguir trabalhar o imaginário das pessoas sobre a importância de nos indignarmos, lutarmos e transformarmos uma sociedade tão racista como a nossa. É importante que esta data esteja não somente no calendário escolar, mas no calendário nacional, porque é urgente que as pessoas se conscientizem do absurdo que é o fato de que 56,4% da população brasileira, ou seja, uma comunidade imensa, sofra discriminação estrutural em seu dia a dia, em seus salários. Na be.Living não trabalhamos este assunto pontualmente em decorrência deste calendário. Nosso currículo escolar tem essa temática presente e em pauta ao longo de todo o ano. Nesta data específica – que é um dia que não estamos juntos com as crianças devido ao feriado – trazemos provocações a mais, para além do que já trazemos sempre, a serem trabalhadas anteriormente ou posteriormente ao Dia da Consciência Negra.

b.L: É possível perceber o racismo enraizado no contexto da educação? 

Gabriela Fernandes: O racismo é estrutural na educação, ele está intrínseco à nossa sociedade. Conseguimos perceber o racismo na educação através do currículo, dos livros didáticos, da visão da história contada somente pelos olhos do colonizador. Se analisarmos a língua portuguesa e o vocabulário utilizado para identificar e validar os povos originários –  por exemplo o uso de palavras como ‘selvagem’ e ‘tribos’ – o racismo fica muito evidente. Percebemos o racismo na educação pela forma como os temas são trazidos para as crianças. A nossa busca, enquanto escola, é trazer os temas e a história do Brasil e do mundo, contados a partir de diferentes pontos de vista, ampliando o olhar das crianças com as visões de todos os envolvidos. Este ano, Ailton Krenak foi o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras. A política de cotas, uma política de reparação histórica, começa a mudar o perfil da academia brasileira no momento em que fica evidente o  aumento de estudantes negros na USP (Universidade de São Paulo). Mudanças estruturais como essas em nossa sociedade, evidenciam  a necessidade de uma mudança no currículo escolar, validando a história de nosso povo e de nosso país a partir de outros pontos de vista. Quando nos dispomos a pesquisar, conseguimos entender a história de uma maneira muito mais ampla. O currículo que trabalhamos hoje no Ensino Fundamental da be.Living é antirracista. Já no Year 1, trazemos para as crianças o continente africano para que elas possam compreender a potência deste continente. Na minha época de escola, nós aprendíamos sobre a África a partir da visão estreita do colonizador e olhávamos para os negros no papel de escravizados, pessoas que apanhavam e mal reagiam. Quando, na verdade, a abolição da escravidão aconteceu no Brasil, em grande parte,  devido à luta e à reação do povo negro.

b.L: De que formas a be.Living combate a perpetuação do racismo?

Gabriela Fernandes: A be.Living é uma escola que decidiu, já há muitos anos, que teria responsabilidade social em relação a isso. Acreditamos que só conseguimos fazer uma educação antirracista e combater a perpetuação do racismo se o currículo da escola for pensado neste sentido. Isso significa que todas as situações de ensino-aprendizagem terão o cuidado de ampliar a visão das crianças, buscando construir um olhar para uma sociedade com maior equidade. Não há nada que justifique, na história do mundo e da humanidade, que uma pessoa ganhe mais ou menos, ou que tenha mais ou menos acesso a oportunidades, devido à cor de sua pele. Entendemos que por sermos uma escola particular, em que a maior parte dos estudantes é branca, temos uma responsabilidade ainda maior no sentido de que as crianças vejam pessoas negras ocupando diversos lugares na sociedade, na ciência, na cultura brasileira e do mundo. Por isso, temos o cuidado de fazer escolhas em nosso currículo – desde como vamos trabalhar cada tema até quais leituras, personagens, pintores, cantores, escultores e autores vamos estudar – que possibilitem que as crianças enxerguem o povo negro no lugar de quem produz conhecimento.

b.L:  Existe um trabalho de formação desenvolvido com a equipe de professores e funcionários da escola neste sentido?

Gabriela Fernandes: Sim. Quando decidimos fazer essa mudança no nosso currículo, nós compreendemos que precisaríamos primeiramente formar os professores. Não seria possível mudar o currículo da escola sem ter os professores juntos nessa mudança. Então, chamamos a pesquisadora e educadora Mafuane Oliveira, que na época era professora de Cultura Brasileira em nossa escola, para formar uma equipe em educação antirracista. Em 2019, realizamos uma formação, durante o ano todo, com toda a equipe pedagógica da escola, para que cada um pudesse se entender no mundo a partir deste prisma e entender a educação antirracista. Foi uma formação que reverberou muito no nosso currículo e na nossa forma de pensar. Teve um trabalho muito profundo realizado com a Mafuane, de olharmos para a forma como falamos, para ir eliminando esse vocabulário racista do nosso cotidiano. Depois desta formação, realizamos um congresso de professores, em que foram apresentados trabalhos desenvolvidos com essa nova perspectiva antirracista. Fizemos uma mudança significativa no currículo, escolhendo outros livros didáticos que representavam uma nova forma de olhar para esta questão.  Depois, tornou-se um trabalho constante de currículo, planejamento e de processo formativo. Eu, como coordenadora pedagógica, estou olhando o tempo todo para isso.  É um trabalho de dia a dia. Não é um trabalho pontual.  Por isso, 20 de novembro não é uma data pontual. Se queremos mudar uma sociedade racista, temos que pensar todos os dias sobre isso. Precisamos questionar o fato de que em determinados lugares não há a presença de nenhuma pessoa negra. Até que venha uma indignação com relação a isso. Transformar a sociedade não é uma mudança que se faz no externo. É uma mudança que se faz, primeiro, internamente, e que só assim, quando você estiver muito incomodada com a situação, você consegue atuar para uma mudança. Tem uma pensadora chamada Grada Kilomba que foi uma das pessoas que mais me transformou. Ela fala que o antirracismo tem a ver com responsabilidade e que há 5 passos neste processo de responsabilização, para conseguir ser uma pessoa antirracista: percepção, culpa, vergonha, reconhecimento e reparação.

b.L:  Você pode explicar um pouco mais sobre o que vem a ser um currículo antirracista?

Gabriela Fernandes: O currículo antirracista implica em validar toda a produção de conhecimento tanto dos povos originários quanto dos povos negros que construíram este país. É uma educação que vai olhar para a história por todos os seus lados, considerando todas as visões, e que vai validar a produção artística, literária e científica de todas as pessoas envolvidas no processo. Por exemplo, quando trabalhamos as Revoltas que fizeram a História do Brasil, olhamos mais profundamente para as revoltas populares, não validando somente a ideia do colonizador ou do burguês, que está com o poder na mão. Mas olhando e validando o envolvimento de todo mundo que fez parte da história. É importante lembrarmos que existem duas leis no Brasil: a L10.639 e a L11.645 que tornam obrigatórios na escola os ensinos sobre História e Cultura africana, afro-brasileira e indígena. Nosso trabalho está ancorado nesta legislação.

b.L:  Como a educação antirracista é colocada em prática e vivenciada, no dia a dia da escola?

Gabriela Fernandes: As práticas são muitas, vou dar alguns exemplos. O primeiro ano tem o projeto Sankofa. Sankofa é um ideograma africano que significa “Nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou para trás”. Este projeto que olha para a África e para a potência do povo negro, é extenso e acontece o ano todo. As crianças realizam saída pedagógica para o Museu Afro Brasil e olham para tudo o que o povo africano trouxe para o Brasil e para nós, brasileiros. O segundo ano faz um trabalho de modos de vida em diferentes tempos, olhando para a constituição da cidade de São Paulo e para a força deste povo na construção desta cidade. Faz parte deste projeto, pesquisar onde elas moram, quanto tempo demoram para chegar de casa até a escola, porque elas estão olhando para o funcionamento da cidade. Neste momento, nós propomos que elas realizem uma entrevista com várias pessoas da escola. E as crianças começam a perceber que a maior parte da gestão e dos professores não mora tão distante da escola, enquanto que as pessoas que realizam a limpeza da escola, por outro lado, moram mais distante. São problematizações reais do dia a dia sendo vistas pelas próprias crianças, para que elas tenham uma consciência de que existe uma vida diferente daquelas que elas estão acostumadas a levar.

b.L: Quais são os maiores desafios enfrentados em trabalhos como este, que implicam mudança de pensamentos tão antigos e arraigados? 

Gabriela Fernandes: O maior desafio somos nós, pessoas. É formar pessoas, inspirar para que elas se enfrentem e estejam dispostas a trazer isso tudo para a consciência. Porque o trabalho antirracista é, no fundo, um trabalho de autoconhecimento, que exige uma disposição para olhar para as questões mais doloridas da nossa sociedade e, a partir daí, do momento em que a gente se conscientiza, tem a ação e a manutenção diária. É alcançar essa compreensão de que não é algo para alguém ver. É todo dia e toda hora.

b.L: Já é possível testemunhar conquistas neste sentido?

Gabriela Fernandes: A maior conquista possível de testemunharmos é o nosso currículo. Temos um currículo antirracista muito consolidado. As crianças começam no Year 1 com o projeto Sankolfa e terminam no Year 5 realizando um trabalho imenso sobre os Direitos Civis, pautado em toda a luta do povo negro dos Estados Unidos. A grande conquista é olhar para o nosso currículo e ver o quanto ele foi efetivo, o quanto nós já conseguimos transformar e o quanto ele reverbera com essas questões. As crianças ainda são muito pequenas para que seja possível ver na ação delas uma grande mudança. Trabalhamos com a infância, na ideia de que estamos semeando uma nova concepção de relações e de país. Faz parte da aprendizagem humana darmos as mãos uns para os outros, e darmos passagem para todos os povos, com equidade, respeito e gratidão.

Educação Midiática na See-Saw: a geração Z e a tecnologia

Por Cesar Pazinatto, diretor geral da SEE-SAW

A experiência com a educação midiática e o trabalho desenvolvido com o EF2.

Antes de abordar a relação da Geração Z com tecnologia como o título desse post indica, preciso fazer uma introdução nostálgica.

Sempre gostei de utilizar diferentes mídias nas aulas de ciências e biologia, desde o início da minha carreira como professor. Era perceptível como as atividades ficavam mais dinâmicas e despertavam maior interesse.

Dava um certo trabalho – especialmente considerando que era final da década de 1980 – guardar recortes de jornais e revistas. Além disso, era necessário programar corretamente o VCR para gravar o Globo Repórter ou o Planeta Terra da TV Cultura. O primeiro por suas frequentes matérias sobre o corpo humano e o segundo pelos ótimos documentários sobre a fauna e flora brasileira.

Novos paradigmas

Na década de 1990, a internet facilitou o acesso aos acervos de jornais, revistas e livros. No entanto, a relação entre quantidade, velocidade e qualidade da informação nos obrigou a desenvolver habilidades para manejar desafios que não conhecíamos. Por óbvio, não estávamos preparados para vivenciar, em tempo real, mudanças nos paradigmas seculares da educação. Aliás, ainda não estamos.

Voltemos para a sala de aula e para o Séc. XXI.

Novos aprendizados

Paralelo às minhas atividades como professor de ciências, em parceria com alguns colegas, desenvolvia programas de Promoção de Saúde e Prevenção ao Uso de Drogas em Escolas e foi nesse período que conheci os conceitos de “Mídia Literacy” que pode ser traduzido livremente como “Educação Midiática”.

Estratégias sugeridas por pesquisadoras como a norte-americana Renee Hobbs e a brasileira Ilana Pinsky, ajudavam a no desenvolvimento de habilidades de resistência fundamentais para resistir aos apelos da publicidade de cigarro e bebidas alcóolicas. Até o início dos anos 2000, produtos livremente anunciados em jornais, revistas, televisão e pontos de venda.

À medida que as restrições legais e a – ainda discutível – autorregulamentação afastaram a publicidade de tabaco e álcool das mídias tradicionais, a internet tornou-se a principal opção. A propulsão dessas mensagens via redes sociais beneficiou as principais marcas de cerveja através dos “virais” e posts com produtos exclusivos para os seguidores. Simplificando bastante, os “influencers” seriam uma espécie de “viral 2.0”

“Nativos Digitais” e a “A máquina do caos”

Max Fischer em “A máquina do caos: Como as redes sociais reprogramaram nossa mente e nosso mundo” (Todavia – 2013) escreve: “Se você tivesse que apontar exatamente a alvorada da era das mídias sociais, poderia escolher o mês de setembro de 2006, quando os operadores de um site criado dentro de um alojamento universitário, o Facebook.com, fizeram uma descoberta acidental enquanto tentavam resolver um problema comercial”. Nesse ano, a rede de Mark Zuckerberg criou o “Feed de Notícias” e permitiu o acesso para qualquer pessoa interessada em se inscrever.

Marc Prensky, em 2001, criou a a ideia de “Nativos Digitais”. O ruído criado por esse termo deu a impressão de que os nascidos pós 1980, são plenos de conhecimento sobre tecnologia e hábeis ao ponto de não precisarem de qualquer orientação ou esclarecimento.

Com fica claro no excelente “Guia de Educação Midiática” do Instituto Palavra Aberta, para o educador norte-americano “Nativos Digitais” são os nasceram em um mundo em que a cultura digital é predominante e não necessariamente sabem lidar com isso.

No mesmo guia, encontramos referência a uma pesquisa de 2016 realizada pelo Stanford History Education Group (SHEG) que concluiu que os jovens estão mais para “inocentes digitais”. Os pesquisadores ouviram mais de 7.800 estudantes.

Não há mais dúvidas que experiência “vinda de fábrica” é ilusória e também causa das principais preocupações advindas das mídias sociais. Com todo a certeza, é principal motivação para as escolas considerarem abordar a educação midiática em seus currículos.

Leia no site da See-Saw aqui.

Sempre é tempo de acolhimento

por be.Living

Chegar pela primeira vez na escola, retomar a rotina escolar após um mês de férias, receber um novo amigo na turma… Quando lançadas a novos espaços, contextos e interações, é natural que as crianças vivenciem muitas emoções e sentimentos. Como escola, olhamos com profundo respeito para o momento de cada uma delas. Por isso, o acolhimento é um aspecto fundamental e é um método de trabalho dentro do processo educativo que propomos.

Nossa coordenadora pedagógica de Educação Infantil, Camila Maia, explica que diferente do “acolhimento”, o conceito de “adaptação” pressupõe que a criança seja adaptada a uma condição externa rígida e posta para ela. “Na be.Living, fazemos com que o externo se movimente para acolher as crianças. Realizamos uma organização muito cuidadosa para a chegada de cada uma delas. As professoras se preparam, considerando que os processos e tempos das crianças são diferentes e que suas necessidades são únicas. Assim, a ideia não é que a criança se acostume à uma imposição de rotina ou de ritmo, mas que ela chegue devagarinho e seja recebida com muito carinho, atenção individual e que tenha seu tempo de chegada respeitado”.

É importante ressaltar que o processo de acolhimento não se restringe apenas ao início do ano ou à primeira chegada das crianças na escola. Os momentos iniciais do segundo semestre são desafiadores para toda a comunidade escolar, inclusive para as crianças que já estavam na escola.

Camila diz que retomar os projetos de cada grupo, reconfigurar as turmas e voltar à rotina da escola depois de um mês inteiro de férias requer muita atenção e cuidado. “O retorno às aulas pode ser muito exigente para todas as crianças. Nas férias, muitas vezes, elas não seguem a mesma rotina de horários para dormir ou se alimentar. Algumas viajam, passam dias fora de casa. Voltar para uma rotina mais estruturada é sempre bastante desafiador. No caso das crianças pequenas, vemos que mesmo as que já estão conosco desde o início do ano, que já se apropriaram do espaço e da rotina escolar, e que já possuem vínculo com as professoras, muitas vezes choram na hora da despedida dos pais, se mostrando mais sensíveis e cansadas ao longo do dia”.

Além disso, é comum que no mês de agosto, aconteça uma grande novidade na vida das crianças que já estavam na escola: a chegada de novos colegas na turma! Esse evento desperta a curiosidade de todos e também traz novos desafios. “Na Educação Infantil, faz parte do processo de acolhimento das crianças que estão chegando, que elas estejam acompanhadas, nos primeiros dias, de seus pais, mães ou adultos com quem elas tenham um vínculo de confiança. As crianças que já estavam na escola têm que lidar com o sentimento de não estarem mais na presença de seus acompanhantes. Então, as professoras realizam um trabalho de acolhimento para fortalecer cada uma dessas crianças, sinalizando o quanto elas já conhecem a escola, o quanto já sabem fazer por si só, quantos amigos elas já têm. Reforçar essas conquistas e habilidades, convida as crianças para que elas se coloquem em um lugar mais potente, se enxergando como modelo e referência para as que estão chegando”.

Já as crianças que estão chegando pela primeira vez na escola, estão vivenciando uma experiência muito profunda na vida delas. É um contexto totalmente novo, cheio de desafios. Neste caso, durante todo este período inicial de acolhimento, além da professora e da assistente da turma, cada criança é acompanhada de perto por outros membros da equipe, garantindo que um olhar individual possa acontecer efetivamente. Isso permite que, em momentos de curiosidade, elas possam, acompanhadas desse adulto, conhecer o espaço, explorar os cantinhos da escola e participar de outros processos mesmo que seu grupo esteja realizando uma outra atividade com a professora. “Além disso, como falamos, tem a presença do adulto que é a referência de segurança para elas – a mãe, o pai, a babá ou a avó, autorizando a criança a explorar, brincar e experimentar esse novo espaço. Com o tempo, esse adulto vai se distanciando do processo. Ele ainda continua na escola, mas a criança começa a ir desassociando a escola desta pessoa. No momento em que as professoras percebem que a criança está segura e confortável e que ela já estabeleceu um vínculo de confiança com um adulto de nossa equipe, ela começa a se despedir dos pais e o tempo de permanência na escola pode ser aumentado” – conta Camila.

Para as novas famílias, esse período também traz muitos desafios. Por isso, quando pensamos em processo de acolhimento, trazemos um olhar atencioso também para as mães e os pais das crianças. “Fazemos uma reunião com todas as famílias que estão entrando na escola. Contamos sobre como nos organizamos, o que esperamos neste primeiro momento e, sobretudo, nos abrimos para escutar suas emoções. É natural que alguns pais e mães possam se sentir ansiosos, preocupados, expressando angústias com relação a esta nova etapa da vida. Procuramos acolher e ajudá-los com estes sentimentos. É, também, o momento de conhecermos e entendermos um pouco sobre a família que estamos recebendo, porque essa compreensão dirá muito sobre o processo que a criança viverá aqui na escola”.

Carolina, mãe do Rafael, que entrou este ano no Yellow Orange 3 afirma que um dos motivos que a fez escolher a be.Living foi a possibilidade de ter esse tempo de acolhimento junto com seu filho na escola. “A criança vive no ambiente dela e quando chega o momento de ela ir para a escola, ela cai, de repente, em um ambiente totalmente diferente do que ela está acostumada. Ter alguém como referência, como o porto seguro dela, para olhar e recorrer, é muito importante para a criança. Como mãe, fiquei bastante ansiosa em querer saber o que ia acontecer, como ele iria se comportar e lidar com cada situação. Mesmo quando saímos da escola, continuamos a receber notícias de como eles estão, podemos dar uma espiada e ficamos mais tranquilas ao saber que eles estão sendo bem cuidados, acolhidos, recebendo colo quando choram. É um preparo para o momento seguinte, quando não estaremos mais aqui. Como mãe, é fundamental entender como é a escola, como ela cuida da criança nesse período desafiador. Tratamos a criança de um determinado jeito e gostaríamos que a escola fosse a extensão daquilo que fazemos em casa. Estar aqui dentro nos dá mais conforto e segurança de que isso está sendo feito”.

Para Paloma, mãe da Maria Clara, que está no Yellow Orange 2, este tempo que ela passou com a filha na escola também foi imprescindível. “Não é um momento de adaptação somente para a criança, é para a mãe também. No meu primeiro dia, que teve reunião dos pais, eu cheguei na escola e comecei a chorar. Foi muita emoção misturada: ‘minha filha está crescendo, vamos passar um tempo longe uma da outra’… Nós somos muito próximas. A Cacá nasceu no auge da pandemia, sem muito contato com o externo por muito tempo. Conforme a pandemia foi passando, começamos a ter mais contato, mas mesmo assim, ela não tinha muita vivência com outras crianças. Eu tinha insegurança. Então, este tempo que a be.Living oferta foi determinante para eu conhecer a escola, ver como a dinâmica acontece. Vi crianças chorando e sendo acolhidas com muito carinho pelas professoras… Tudo isso, vai acalmando o nosso coração. O acolhimento é muito precioso para as crianças, há um respeito com o tempinho delas até que elas se sintam seguras. Não é uma coisa abrupta.  Aos poucos, vendo as professoras tão carinhosas e a minha filha começando a conversar mais com os amiguinhos, se permitindo ser mais ela nos momentos em que ela se sentia mais a vontade, foi me deixando mais calma e feliz, sentindo que escolhi um lugar bom para ela estar”.

Veja no site da be.Living.

A literatura na Educação Infantil

por be.Living

A literatura faz parte da história da criança desde que ela nasce. As famílias lêem livrinhos para os bebês, convidando os pequeninos para uma viagem de imaginação, criatividade e para diferentes formas de ver e narrar o mundo. Desde lá, é apresentado um universo letrado que, com o tempo, vai sendo desvendado pela criança, quando ela começa a dar sentido para aquelas letras, entendo que juntas, as letras formam palavras e que as palavras juntas comunicam algo.

Ao entrar em contato com os livros, as crianças aprendem a lidar com sentimentos a partir de diferentes narrativas e podem acessar a diversidade cultural. Além da questão social, a literatura trabalha, também, as questões pedagógicas. Sendo assim, é parte fundamental no processo de alfabetização das crianças e está presente diariamente na rotina da Educação Infantil da be.Living.

“Trazemos a literatura para as crianças pequenas de diferentes formas e estratégias. Todos os dias, realizamos uma contação de histórias pensando na melhor escolha do livro para cada faixa etária. Consideramos sempre, dentro da proposta de educação bilíngue, qual tipo de texto contribui para a aquisição da linguagem das crianças e para a melhor compreensão destes textos conforme cada faixa etária” – explica Patricia Dominguez, coordenadora do ciclo Infantil da escola.

Patricia explica que o trabalho com a literatura acontece no cotidiano escolar por meio de diversos gêneros textuais, sempre de forma muito contextualizada, considerando tanto o processo de cada grupo quanto as especificidades de idade, para que a aprendizagem faça sentido e componha o desenvolvimento das crianças. “Para os pequenos, trazemos histórias curtas, com textos que se repetem, chamando a atenção para estruturas e palavras, para que, aos poucos, eles possam ir dando sentido e compreendendo todo o enredo do livro. Outros gêneros também são trazidos: os nomes das crianças é um tipo de texto trabalhado diariamente, apresentando a função da escrita. Trabalhamos com o gênero de listas, com o gênero de entrevista, este último quando as professoras pedem que as crianças façam uma pesquisa com as famílias ou, ainda, quando alguém de fora é convidado para vir à escola para conversar com as crianças sobre determinado assunto que está sendo investigado em algum projeto”.

O Literary May é um evento que a escola realiza com o intuito de compartilhar com as famílias todo o processo de aprendizagem das crianças a partir da literatura. Os familiares da Educação Infantil foram convidados para virem à escola para conhecer as produções literárias de cada grupo, se inteirando da dimensão do trabalho que está sendo realizado com os pequeninos neste sentido.

A turma do YO 1 produziu um livro inspirado na nursery rhyme “Head, shoulders, knees and toes”. As professoras perceberam que essa cantiga, especificamente, chamou muito a atenção dos pequenos. “A cadência da música, a brincadeira dos movimentos, de apontar e nomear as partes do corpo, fazendo mais rápido e devagar, virou um jogo. Com isso, chamamos a atenção das crianças para os corpos delas, realizando um trabalho que está muito relacionado com a construção da identidade dessas crianças. Também chamamos a atenção para este corpo dentro do contexto escolar. Quando eu uso a minha mão na escola? Para pegar um livro, para pintar… Aonde coloco a minha mochila para cantar Goodbye e ir embora? No ombro. Que parte do corpo eu dobro para descer a escada ou para sentar em roda? O joelho! Então, eles foram brincando com o corpo dentro da nossa rotina, trazendo também o pertencimento deste corpo e o movimento deste corpo dentro da nossa escola.” – conta Patricia.

Já a turma do YO2, se inspirou no livro “The Family book”, de Todd Parr, para criar um livro sobre a família deles. Eles também trouxeram a construção de identidade para compor esse trabalho de literatura tendo as crianças como personagens. “O livro do Todd Parr traz, de uma forma muito natural, as diferentes configurações familiares. Trouxemos essa discussão para o YO2 através das diferenças que aparecem no grupo deles. Eles pesquisaram quais colegas têm irmão, quais não têm, perceberam que algumas crianças têm dois irmãos, outras não tem nenhum. Para a produção deste livro, contamos muito com a parceria das famílias que mandaram uma porção de fotos para concretizar essas discussões”.

O YO3 também produziu um livro inspirado na obra “We’re Going on a Bear Hunt”, do escritor Michael Rosen. “A partir desta leitura, as crianças começaram a questionar muito sobre o urso, sobre o porquê de ele estar perseguindo as crianças, o porquê de ele estar triste. Questionaram aonde estava a mamãe do urso e começaram, por meio do livro, a discutir as constituições familiares: quem é o papai e a mamãe de cada criança, quem tem irmão e quem não tem, e fomos abrindo um trabalho pensando na construção da identidade, na ampliação do repertório e do conhecimento de mundo. Com isso, o grupo fez um livro sobre as crianças saindo em busca do urso, aqui na escola. A ideia também foi trazer a brincadeira de procurar o urso dentro do contexto escolar, explorando os espaços de maneira sensorial, aprofundando um pouco mais sobre cada cantinho da escola e o que cada um deles representa para as crianças”.

A turma do YO4 também produziu um livro que tem as crianças como personagens principais, inspirada na leitura de “Brown Bear, Brown Bear, What do you see?”, de Eric Carle. A ideia foi desenvolver a construção da identidade por meio de discussões que vieram do livro. “Elas exploraram muito as cores, cores relacionadas aos personagens e o que na vida das crianças se relaciona com essas cores. Algumas crianças trouxeram, por exemplo, que a banana é amarela, fomos brincando com este conhecimento prévio das crianças e explorando, também, as cores na escola. Fizemos um Colour Hunt na escola e eles criaram uma história, mudando os personagens, trazendo as características físicas deles para o livro, percebendo semelhanças e diferenças entre eles”.

No Green, que é uma faixa etária em que as crianças já estão com o desenvolvimento oral mais elaborado, já verbalizando frases completas e com uma compreensão do Inglês, foram propostas algumas situações mais complexas. “A ideia foi que eles encenassem e verbalizassem algumas estruturas dos livros. Trabalhamos com estruturas que se repetem, pensando muito no desenvolvimento e na apropriação dessas estruturas. O Green 1 trouxe o enredo do livro “King Bidgood’s in the bathtub”, para muitas brincadeiras de faz de conta dentro do contexto da escola. Eles começaram a se questionar como eles tirariam o rei da banheira se ele estivesse aqui na escola e construíram o livro deles a partir destas experiências. O Green 2 realizou primeiro uma encenação baseada em dois livros distintos para poder escrever um livro autoral. A turma se inspirou nos livros “Giant Turner” e “The carrot seed”, e criou uma história própria chamada “The Giant Carrot””. Patricia explica que um dos projetos do Green é aprender a trabalhar em coletividade através do contexto escolar, pois nesta idade as crianças estão saindo da fase egocêntrica e adentrando para a fase social, identificando-se como membro de um coletivo, que tem direitos e responsabilidades.

Os grupos do Red trabalharam com as músicas chamadas nursery rhymes, que contam histórias curtas, traduzindo e concretizando suas percepções por meio de desenhos, auxiliando também os professores a entenderem a compreensão das crianças. “Como o Red já tem um desenvolvimento verbal mais elaborado, a ideia foi que eles pudessem recitar esses poemas em diferentes momentos do cotidiano escolar, conforme fosse fazendo sentido para eles. Para além de verbalizar, a ideia é trabalhar a pronúncia, o que chamamos de phonemic awareness, que é o desenvolvimento da escuta ativa que enfatiza a percepção de que a segunda língua tem uma pronúncia, um sotaque, diferente do português. Além disso, tem a questão das rimas, o que combina e o que rima com o que, uma brincadeira desse gênero textual que as crianças gostam muito”.

O Blue continuou brincando com as nursery rhymes mas, também, com as parlendas, pois o trabalho textual acontece no inglês e no português. “O trabalho do Blu é muito pautado no resgate de memórias pois este é o último ano na Educação Infantil. Em breve, eles vão passar para o Ensino Fundamental. A ideia é que eles percebam as vivências que tiveram ao longo da Educação Infantil e, tanto no inglês como no português, aprofundamos a questão da função social da escrita. No inglês, eles resgatam algumas nursery rhymes que aprenderam anteriormente. No português, através das parlendas, pensamos no desenvolvimento da escrita. Eles realizam um trabalho de pesquisa sobre as parlendas, questionando as famílias sobre quais parlendas os pais conhecem, que brincadeiras faziam na infância, ampliando, assim, seu repertório. Na escola, elas realizam atividades de escrita onde se arriscam a descobrir qual é a palavra, a sílaba, a letra que está faltando. Assim, a literatura vai auxiliando profundamente o processo de alfabetização que acontece nesta faixa etária”.

É sempre muito gratificante receber as famílias em nossa escola, compartilhando com mães e pais os processos de aprendizagem das crianças. Foi uma oportunidade de chegar mais perto do poder da literatura e de reconhecer o valor deste campo do conhecimento para o desenvolvimento de nossas crianças. Viva a potência da literatura!

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Oportunidades de aprendizagem da educação bilíngue

por be.Living

A educação bilíngue transcende o aprendizado do inglês como um segundo idioma. Diferente de aprender inglês, nossas crianças aprendem em inglês. A segunda língua torna-se, portanto, o meio pelo qual a instrução acontece.

Na be.Living, essa instrução se dá o tempo todo, através das mais diversas situações propostas para que as crianças vivenciem o dia a dia em inglês: das atividades previstas no currículo escolar, às relações e formas de expressão, pensamento lógico e no trabalho com o corpo e com as artes. Nosso intuito é promover circunstâncias diversificadas para que as crianças possam experienciar a função social da língua inglesa de maneira significativa, gerando, assim, efetiva aprendizagem.

Nossa consultora de Bilingual Education, Silmara Souza Parise, explica que a vivência diária da língua inglesa no contexto escolar – onde vários assuntos são estudados, permite ao estudante aprender esse idioma em circunstâncias que potencializam o desenvolvimento linguístico, cognitivo e multicultural, propiciando uma visão de mundo mais ampla e, consequentemente, maior respeito às diferenças culturais.

Silmara afirma que aprender outro idioma desde a infância no cotidiano escolar é mais natural e espontâneo. “Isso porque a aprendizagem ocorre em ambientes, ações e interações que fazem sentido para a criança. É o mesmo processo da aprendizagem da língua materna: a vivência cotidiana”.

A especialista comenta que a infância é uma grande janela de oportunidade para aprender uma segunda língua com fluência. “Crianças são mais suscetíveis às influências ambientais, o que promove maior estímulo cerebral. Quando somos pequenos, não nos damos conta que estamos aprendendo outro idioma, pois tudo faz parte do nosso acervo linguístico e da nossa necessidade de comunicação. À medida que crescemos, tomamos consciência de que há dois ou mais idiomas envolvidos em nossa comunicação e, então, vamos ‘separando’ as línguas e aprendendo a usá-las de acordo com a situação de comunicação do momento. A partir daí se dá a conscientização de que há mais de uma língua de comunicação, com suas semelhanças e diferenças”.

Além de saber diferenciar semelhanças e diferenças entre línguas, a criança amplia a possibilidade de comunicação na comunidade internacional, conscientizando-se de sua posição como cidadã do mundo. “É desenvolvida uma compreensão cultural mais ampla e maior sensibilidade às diferenças multiculturais, maior tolerância e harmonia social”.

Silmara aponta que as oportunidades de aprendizagem oferecidas no contexto de escola bilíngue são muitas. “Na esfera cognitiva, a educação bilíngue favorece a resolução de problemas e habilidades analíticas, o raciocínio lógico e permite melhor formação de conceitos. No pessoal, estimula a criatividade, eleva a autoestima, desenvolve flexibilidade e adaptação, melhora as habilidades interpessoais e sociais. E no âmbito curricular, a compreensão e o desenvolvimento de conceitos em mais de um idioma permitem a transferência de habilidades acadêmicas entre os idiomas, facilitando o aprendizado colaborativo e cooperativo em um ambiente de linguagem diversificada”.

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10 dicas para os pais durante o período de adaptação na Educação Infantil

Por Érica Santos, coordenadora pedagógica da Educação Infantil
SEE-SAW Educação Bilíngue

Érica Santos, coordenadora pedagógica da SEE-SAW, apresenta dez dicas importantes para o período de adaptação na Educação Infantil. Confira:

  1. Converse com o seu filho(a) antes do início das aulas, dando informações agradáveis sobre o novo momento em sua vida.
  2. Nos primeiros dias, quando acompanhar a criança na nova rotina, procure deixá-la livre, sem pressioná-la, disponibilizando tempo para que ela se familiarize com o ambiente, as professoras e assistentes. Não se preocupe caso ela ainda direcione a você suas solicitações. Aos poucos você pode estimulá-la a procurar as professoras para obter o que deseja ou mostrar algo do seu interesse.
  3. Quando for o momento de sair de sala, procure demonstrar confiança e segurança. É importante que a criança sinta que você aprova e está tranquila com a permanência dela na escola.
  4. Chorar é uma reação normal da criança mediante situações novas, é uma forma de comunicação. Não é preciso dizer que não se deve chorar; é importante respeitar as reações e sentimentos das crianças. A professora seguramente encontrará tempo para confortá-lo, dando o acolhimento necessário para que, naturalmente, ele sinta-se confiante neste novo espaço.
  5. A rotina é muito importante para fazer a criança sentir-se integrada e feliz. Evitem as faltas, a não ser em caso de doença, indisposição ou extrema necessidade, pois a classe, a cada dia, reinicia um processo de descoberta do mundo. Uma criança que se atrasa, ou que se ausenta com frequência, acaba perdendo a dinâmica que gerou novos trabalhos ou brincadeiras dentro do grupo.
  6. É comum a criança apresentar, nesta fase, uma série de mudanças de comportamento, tais como, agitação, atitudes regressivas, dependência, ansiedade, raiva ou cansaço. Essas reações vão desaparecendo, gradativamente, a partir do momento em que ela vai se sentindo mais próxima às professoras e aos colegas, canalizando, assim, para a escola, grande parte de seus sentimentos e necessidades.
  7. Preparem-se para recaídas: seu filho(a) pode entrar e ficar bem nos primeiros dias, mas depois, apresentar dificuldade para entrar na classe ou vir para a escola. Isso é normal e esperado, já que a curiosidade inicial foi saciada e a criança começa a sentir a separação dos pais de maneira mais latente.
  8. Objetos de transição, como chupeta ou naninha, são importantes nesta fase, pois servem como mediador entre a casa e a escola, transmitindo segurança e conforto para a criança lidar com os novos desafios. Progressivamente, ela vai adquirindo confiança na sua capacidade de criar e se aventurar além da família, deixando esses objetos de lado e experimentando sua participação em situações novas.
  9. Durante este período, a rotina doméstica não deverá ser alterada, como por exemplo, mudar a criança de quarto ou introduzir novas atividades, visto que podem gerar ainda mais insegurança e ansiedade. Depois da adaptação concluída, e observando que a criança está tranquila e confiante, os pais podem seguir com seus combinados pessoais.
  10. Não comentem eventuais dúvidas na frente do seu filho(a). A escola (coordenação, orientação, professoras e direção) está preparada para ouvi-los e orientá-los sobre qualquer questão que sintam necessidade de esclarecimento. Sua segurança e confiança são fundamentais para que a criança incorpore com tranquilidade a chegada à escola.

OEBi: a força das escolas bilíngues

A Organização das Escolas Bilíngues – OEBi – nasceu com o objetivo de dar voz e relevância às escolas de ensino bilíngue e ao bilinguismo. Hoje, são mais de 15 escolas trocando conhecimento, informações, experiências e, acima de tudo, apoio para oferecer aos alunos e colaboradores o melhor do bilinguismo.

A grande força da OEBi está justamente na união dessas escolas. É essa união que torna possíveis eventos como o intercâmbio e o Sports Festival – atual OEBi Olympics. No intercâmbio, alunos das escolas associadas à OEBi vão a Baltimore, nos Estados Unidos, participar do summer camp em companhia dos alunos da região. Já no OEBi Olympics, alunos das escolas associadas se reúnem para curtir três dias de jogos e gincanas.

Há ainda passeios e encontros, sempre tendo como objetivo a integração dos alunos. “Que rica experiência tivemos este ano, ao levar nossos alunos ao teatro juntamente com alunos de escolas públicas”, lembra Kevin Sorger, presidente da OEBi e diretor da Kindy.

A integração acontece também com professores, coordenadores e diretores. Exemplo disso são as palestras organizadas com grandes especialistas dos mais variados temas. “São encontros muito enriquecedores e que não conseguiríamos sozinhos proporcionar para os nossos colaboradores”, ressalta Fernanda Nyari, ex-presidente da OEBi e diretora da Kinder Kampus School. “A OEBi nos dá essa possibilidade. As escolas, juntas, conseguem trazer grandes nomes para compartilhar suas experiências”.

Além disso, o intercâmbio pedagógico é uma constante entre as escolas da OEBi. “No início da pandemia, por exemplo, as escolas trocaram experiências em relação ao que estava sendo feito, o que estava funcionando ou não. Foi um aprendizado coletivo muito significativo”, conta Andréia Rocha, diretora de integração da OEBi e diretora da Amazing School, associada à entidade. “E, ao mesmo tempo, encontramos nas outras escolas associadas o apoio que precisávamos naquele momento tão difícil”.

“A força da OEBi é, sem dúvida, a troca e o apoio entre as escolas. Não nos vemos como concorrentes, mas como parceiros”, afirma Fernanda.

Bilinguismo, a razão de ser da OEBi

A OEBi existe por acreditar na importância do bilinguismo para a formação de crianças e jovens de modo a deixá-los mais bem-preparados para os desafios da vida adulta. Na visão da OEBi, o ensino bilíngue é porta de entrada para o mundo globalizado. O inglês – idioma universal e o principal das escolas da OEBi, ao lado do português – faz parte do dia a dia das crianças e jovens. “Eles são imersos no inglês sem se dar conta”, destaca Fernanda Nyari. “Pesquisas, programas, jogos, tudo é em inglês”.

O ensino bilíngue é o caminho mais curto para permitir ao aluno conquistar a fluência necessária. “E fluência não é falar tudo sem nenhum erro de gramática. É conseguir manter uma conversa, estabelecer uma linha de raciocínio em inglês, mesmo que seja cometido um erro ou outro”, explica a diretora da Kinder Kampus.

Andréia Rocha cita “estudos que mostram que a criança exposta ao segundo idioma na primeira infância aciona partes do cérebro que não são ativadas por crianças que só conhecem o idioma materno”. Para ela, “o aluno bilíngue apresenta maior facilidade de comunicação, mais empatia e uma visão de mundo mais ampla”.

Obs.: Esta reportagem é a primeira de uma série que pretende, nos próximos meses, ouvir mantenedores e profissionais de todas as escolas associadas à OEBi.

5 dicas para ajudar a criança a aprender inglês

Não há dúvida que a melhor fase para se aprender inglês é a infância, pois o cérebro da criança ainda está em desenvolvimento e consegue assimilar o conhecimento de forma mais rápida. Além disso, os pequenos têm mais facilidade para absorver a pronúncia, ao repetir o que ouvem. Sendo assim, o processo de aprendizagem ocorre naturalmente e não existe o risco, como alguns pais ainda imaginam, dos filhos confundirem o ensino da língua materna.

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Primeira infância: por que ela é tão importante?

Primeira infância: por que ela é tão importante?

Começamos este artigo convidando você a assistir um trecho do documentário “O começo da vida”. Um registro emocionante da importância dos primeiros anos de vida de uma criança para o seu desenvolvimento cerebral.

O que chamamos de primeira infância compreende os primeiros seis anos de vida de um ser humano. Essa é também a primeira etapa da educação básica, constituída pela educação infantil, que tem o propósito de desenvolver integralmente a criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

A importância dos estímulos na primeira infância está evidenciada por pesquisas recentes da neurociência que comprovam que os bebês aprendem mais nos primeiros três anos de vida do que aprenderão no resto da sua vida. Eles são sensíveis a todas as informações que acontecem ao seu redor e começam muito cedo seu aprendizado sobre o mundo, desde os períodos pré-natal, perinatal (imediatamente antes e após o nascimento) e pós-natal.

Na primeira infância, as respostas são mais rápidas, intensas e duradouras. Isso não significa que o cérebro não responda a estímulos em outros períodos da vida. O desenvolvimento acontece continuamente, em todas as idades, mas são mais lentas e menos intensas e duradouras.

De quais estímulos estamos falando?

Talvez o termo que melhor define esse período de alto desenvolvimento seja plasticidade cerebral. O cérebro ainda está em formação, e os estímulos adequados influem no funcionamento e na sua própria arquitetura. O aprendizado de idiomas é um ótimo exemplo da plasticidade do cérebro na primeira infância.

Como o documentário mostra, os estímulos já começam na barriga da mãe. O afeto e carinho, a música, uma base emocional sólida e um olhar que cuida, mas também educa. Por sinal, um aspecto interessante a notar é que, há até pouco tempo, o verbo para o período de 0 a 3 anos de idade era cuidar. Pelos novos conhecimentos da neurociência, os verbos cuidar e educar devem ser dosados na mesma medida, conforme apresentado também nas Diretrizes do Conselho Nacional de Educação para a primeira infância.

O estímulo na primeira infância tem a função de desenvolver as potencialidades das crianças e é realizado por meio de experiências, que chamamos de brincadeiras, é a construção de conhecimento de forma lúdica.

As crianças são observadoras. Elas têm hipóteses sobre como as coisas acontecem e fazem experimentos para se certificar de que suas hipóteses estão corretas. E a brincadeira exercita a criatividade, estimula a imaginação e permite a expressão dos sentimentos. É por meio do brinquedo, de brincadeiras, de jogos, de exercícios que beneficiaremos o potencial cerebral da criança, e uma criança adequadamente estimulada tem mais capacidade de aprendizagem e facilidade em adaptar-se ao seu meio e de relacionar-se com as outras pessoas.